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O "Big Bang" da Implantologia e as suas consequências...



A revolução...

À cerca de 13.5 biliões de anos energia, tempo e espaço combinaram-se naquilo a que se chama o "Big Bang", dando origem a toda a matéria e energia existente no nosso universo. No entanto, foi apenas em 1950 que ocorreu um dos maiores "Big Bangs" da medicina dentária moderna - o aparecimento do implante dentário.

Quase como por um acaso, a descoberta da osteointegração (fusão entre o titânio e o osso humano), revolucionou a forma como a medicina dentária passou a abordar os pacientes com falta de dentes, sejam eles unitários ou múltiplos. Antigamente, as opções de que disponhamos singiam-se à utilização de próteses removíveis em acrílico ou com um esqueleto metálico ou então, à utilização de próteses fixas suportadas por dentes próximos às zonas com falta de dentes (soluções ainda muito válidas nos tempos modernos). Estas opções traziam uma melhoria significativa da capacidade mastigatória e estética dos pacientes, no entanto, apresentavam várias desvantagens como a fraca estabilidade e fixação das próteses removíveis ou a necessidade de desgastar e reduzir dentes possivelmente sãos para servirem de suporte para pontes fixas sobre dentes.

Assim, a revolução da implantologia foi uma dádiva caída dos céus permitindo-nos focar unicamente nos dentes em falta e dar aos nossos pacientes uma solução muito perto, em termos estéticos e funcionais, de um dente natural. A massificação dos implantes dentários ocorre algures a partir da década de 90, quando o número de empresas de implantes nos mercados europeus e americanos aumenta exponencialmente levando, hoje em dia, a números que rondam as mais de 2000 empresas de implantes no mundo inteiro. Em 2016 estimou-se que o valor total do mercado mundial de implantes dentários rondaria os 72.24 biliões de dólares, no entanto, a estimativa é de aumento sendo a previsão para 2023 de 106.9 biliões de dólares.

No entanto, como em qualquer revolução, as consequências da mesma só se observaram muitos anos mais tarde. Em pleno século XXI, começamos agora a colher os frutos de uma revolução um tanto ou quanto desorganizada e que cresceu rápido demais, não havendo tempo para avaliarmos as suas implicações realistas a longo prazo.

 

As consequências...

Comecemos já pelo final. O futuro da implantologia mundial não será a colocação de mais implantes mas sim, salvar os implantes colocados no passado...Isto começa, cada vez mais, a ser um dado adquirido!

Sabemos hoje em dia que um implante colocado no meio oral está exposto a milhares de bactérias, umas que vivem nas nossas bocas naturalmente e outras, que em alguns casos, se tornam agressivas para os tecidos em redor levando a problemas como a carie dentária ou a doença periodontal. A Carie dentária, como sabemos, não é um problema que afecte os implantes dentários já que as coroas ou próteses que colocamos sobre estes mesmo implantes são feitos de materiais que não podem ser invadidos por estas bactérias, no entanto, no que respeita à Doença Periodontal ou, no caso dos Implantes, a Peri-Implantite, a história é completamente diferente...

A Doença Periodontal é algo muito bem estudado e descrito à muitos anos. De uma forma simples ocorre uma invasão bacteriana nos tecidos em redor do dente, neste caso ligamento periodontal e osso. Essa invasão bacteriana provoca uma infecção nesta zona que leva, em última análise, a uma perda destes mesmo tecidos que suportam o dente. O resultado é perda óssea que suporta os dentes, provocando mobilidade dos dentes (movimento) e em ultimo caso à sua perda total. O mesmo processo ocorre na Peri-Implantite, havendo uma perda óssea em redor do implante que quando atinge valores muito elevados leva ao movimento do implante e consequente perda do mesmo. Um Implante com mobilidade/movimento não voltará nunca a estabilizar sendo um implante perdido...

Sabemos também muito bem como tratar este problema nos dentes parando a progressão bacteriana e muitas vezes regenerando os próprios tecidos que foram perdidos durante toda a fase de infecção. Mas, e nos implantes?

 

As soluções...

Nos implantes a ciência actual ainda está à procura de uma solução estável e com resultados a 100% que garantam a nossa capacidade para descontaminar a superfície do próprio implante, permitindo o controlo da infecção e, por sua vez, parar a perda óssea em volta do próprio implante. Já nos é possível estes procedimentos e muitas vezes, criar novamente osso em volto dos implantes, e o caminho do futuro indica que novas técnicas irão aparecer permitindo-nos ter resultados mais previsíveis a longo prazo.

O importante será entender que a colocação de implantes dentários não é algo que deva ser visto como rotineiro e sem preocupação. Os problemas existem e estão agora muito bem identificados. Sabemos ainda, que um paciente que apresente um quadro de Doença Periodontal terá uma muito maior probabilidade a apresentar Peri-Implantite a longo prazo. É por isso de enorme importância o controlo e tratamento da Doença Periodontal previamente à colocação de implantes. Este passo muitas vezes é esquecido por questões económicas ou de tempo, no entanto, permite-nos poupar muitos problemas no futuro. Um implante colocado com uma técnica cirúrgica correcta, numa posição correcta, com uma reabilitação protética capaz de assegurar a função e saúde dos tecidos em volta e devidamente controlado ao longo da vida, é um tratamento eficaz, seguro e de enorme durabilidade.


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